Os condutores que trafegam pela Avenida Bernardo Vieira, partindo da zona Norte da cidade, quase sempre têm de parar no cruzamento da via com a Rua dos Pêgas, nas imediações com a comunidade Novo Horizonte (também conhecida como Favela do Japão). Porém, é exatamente nesse trecho que, segundo a polícia, se concentram 70% dos assaltos que ocorrem mensalmente naquela região. Ainda que os motoristas queiram escapar do local avançando o sinal vermelho, correm o risco de serem multados devido ao sensor ótico de fiscalização existente no cruzamento. Para o chefe de investigações da 7ª Delegacia das Quintas, o agente Givanilson da Silva, a dificuldade de encontrar os autores desses crimes está na falta de ajuda da população. "Os assaltantes correm para dentro da favela e ninguém quer dizer para onde eles fugiram".
![]() Bandidos aproveitam semáforo com fiscalização eletrônica para abordar motoristas. Aparelho é desligado após as 23h. Foto: João Paulo/DN/D.A Press |
Um exemplo do risco corrido pelos condutores ao passar pelo trecho aconteceu na noite da última terça-feira com um casal e seu filho de 1 ano e 8 meses. A contadora de 30 anos, cuja identidade foi preservada, conta que, por volta das 21h, ela e o marido trafegavam pela avenida em um Ford Fiesta branco após terem pego o filho na casa de sua mãe, na zona Norte. O marido, que dirigia, parou o carro atrás dos demais veículos, pois o sinal tinha fechado. Nesse momento, então, foram surpreendidos com uma tentativa de assalto.
"Um jovem de aparentemente 16 anos veio até nós e fez sinal para outro que estava atrás. Esse sacou uma arma e gritou que era um assalto, mandando que a gente descesse do carro. Cheguei a abrir a porta, mas, por algum motivo, os dois recuaram e meu marido saiu em disparada. Havia um ônibus ao nosso lado e os passageiros gritavam, pedindo socorro para nós", conta a vítima.
A contadora diz que, após esse susto, se puder, jamais passará de novo por aquele trecho. "Sempre passei por ali com certo medo por ter ouvido falar que era uma área perigosa. Inclusive, admito que já cheguei a avançar o sinal para não ficar ali sozinha à noite".
A violência no local é confirmada pelo policial Givanilson da Silva, da 7ª DP. Segundo ele, a unidade policial das Quintas registra uma média de 60 assaltos por mês. Desses, 70% ocorrem na área entre o viaduto da Urbana e o cruzamento da Av. Bernardo Vieira com a Rua dos Pêgas. "Os bandidos aproveitam o sinal fechado e assaltam as pessoas nos veículos. Ao escaparem, descem as ladeiras da favela e se escondem pelas casas. Quando a gente vai procurar, ninguém diz para onde foram. Aí fica difícil de descobrir quem são os que fazem isso e coibir esses crimes".
O coronel PM Wellington Alves, comandante do policiamento metropolitano, acredita, no entanto, que a área não seja tão perigosa quanto outros pontos de maior violência. "Há lugares como Brasília Teimosa ou Felipe Camarão onde as ocorrências são mais frequentes". Ele comenta ainda que esse tipo de crime tem íntima relação com o consumo de entorpecentes. "Os jovens que costumam praticar esses delitos geralmente são usuários de drogas que fazem isso para sustentar o seu vício".
*dnonline.com.br
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